Editorial
Demora. Respostas?
Poucas coisas são tão frustrantes no mundo atual quanto a demora para soluções e responsabilizações. Embora muitos critiquem o viés punitivista com que muitos termas são abordados, a culpabilização é algo necessário. Ontem, por exemplo, completaram cinco anos da tragédia de Brumadinho, que ceifou 272 vidas no maior desastre ambiental da história do País. Até agora, ninguém foi considerado responsável por isso.
Essa situação traz outras memórias. Amanhã, por exemplo, completam 11 anos da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria. Mais 242 mortes. Só aí, já passamos de cinco centenas de vidas que se foram. Embora julgamentos vão e vêm, agora aguarda-se para fevereiro uma nova ida ao tribunal, após a anulação do último juri. Ou seja, mais uma vez, famílias vão reviver a tragédia e nenhum gestor público sentará na tribuna, mesmo sabendo-se de todas as falhas de fiscalização.
Cortamos para outros problemas que, embora não tenham deixado mortos, por vezes parecem cair no esquecimento sem responsabilização. Na Zona Sul, por exemplo, faz seis meses do ciclone que chegou a deixar famílias sem luz por 15 dias. Apesar de muitos processos individuais e coletivos, não se tem notícia de nenhum andamento. Com situação similar ocorrendo em Porto Alegre nos últimos dias, o DP tenta levantar, junto à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) sobre como estão as investigações das denúncias e em que pé estão os processos. Porém, a entidade não responde desde segunda-feira. Será que, mais uma vez, um problema que gerou tanto transtorno e dor ficará impune? Tomara que não!
Também ontem, mais uma vez, um escândalo surgiu em Brasília. Desta vez, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) é acusado de espionar adversários políticos e opositores do governo de Jair Bolsonaro (PL). Será que vai dar em algo? Brasília leva fama de impunidade e não é à toa.
A descrença do cidadão nas entidades, no Estado, no Judiciário e nas soluções não é sem motivos. É impossível contabilizar quantas histórias, tragédias e escândalos acabaram sem responsabilização ou punição. A esperança de que alguma vez vai ser diferente, embora sempre presente, passa a soar como mera tolice diante de um momento de reflexão sobre as probabilidades e o histórico.
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